sábado, 21 de julho de 2012

Alienação social e espiritual – texto Folha de São Paulo – assassinato no Colorado

Ficheiro:Water lilly flower.jpg 

Sinceramente, achei bem interessante este texto do escritor Michael Kepp sobre a alienação geral da sociedade americana.

Não podemos negar que os americanos tem muito dinheiro. Qualquer coisa que se fale pode parecer uma inveja de brasileiro em desenvolvimento.

Fatos pontuais matam menos mas são mais bizarros pois não se permite que em uma sociedade rica as pessoas cometam atos crueis e cinematográficos.  A imprensa pega pesado em cima episódios como esse. O mundo fica estarrecido

Falta Espiritualidade aos povos ricos???!

Qual o sentido da palavra Espiritualidade?? No site da Winkipedia temos: A Espiritualidade é concernente às questões do espírito, porém definida, e as consequências morais e práticas do sentimento de vitalidade: a turbulência da emoção, o tormento do stress e miséria, a eficácia do amor e culto, contemplação, oração e compaixão, o significado de nascimento, o encontro com a morte e a possibilidade de vida após a morte, salvação ou transcendência. Apesar de coincidentes em aspectos múltiplos com questões de e crença, espiritualidade mais inevitável do que a palavra religião implica uma ênfase pessoal experiência. A Espiritualidade é uma dimensão da pessoa humana que traduz, segundo diversas religiões e confissões religiosas, o modo de viver característico de um crente que busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental. 

O homem não precisa ser religioso para ter Religiosidade

Carlos Rolemberg Reichbach

13122011(027) 

Alienação social faz dos EUA um terreno fértil para chacinas

Não é surpresa que chacinas sejam cometidas por brancos de classe média, segmento mais pressionado a ter sucesso

É UMA SOCIEDADE ALTAMENTE COMPETITIVA E INDIVIDUALISTA, COM POUCO SENTIMENTO DE COMUNIDADE

MICHAEL KEPP
COLUNISTA DA FOLHA

O que mais chamou minha atenção no atirador que ontem matou pelo menos 12 pessoas num cinema do Colorado onde "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" estava sendo exibido foram a máscara de gás, o colete à prova de balas, o capacete e as três armas que ele usou -incluindo um fuzil.

Uma testemunha disse que ele "parecia preparado para ir à guerra".

Alguns podem dizer que o fato de o atirador parecer um soldado é um reflexo de todas as guerras que minha pátria vem travando, do Vietnã ao Iraque e ao Afeganistão, e de quão fortemente armados estão os seus cidadãos.

Mas há fatores menos óbvios que também fazem dos Estados Unidos um terreno fértil para chacinas.

Acho que a alienação social e a pobreza espiritual necessárias para cometer assassinatos em massa são um produto da cultura americana, mais que de qualquer outra.

É uma sociedade altamente competitiva e individualista, com pouco sentimento de comunidade. Cerca de 25% dos americanos vivem sós.

Não surpreende que as chacinas, incluindo a de ontem no Colorado, sejam quase sempre cometidas por homens brancos de classe média, o segmento da população mais pressionado a ter sucesso e que tem o menor senso de comunidade.

Acho que o Brasil é um terreno menos fértil para franco-atiradores devido ao senso maior de comunidade que existe aqui.

Os únicos crimes dessa natureza dos quais me recordo aqui foram o assassinato de três pessoas e ferimentos em quatro às mãos de um estudante de medicina em um cinema de São Paulo, em 1999, e a morte de 12 crianças e ferimentos em outras 11 numa escola no Rio em 2011, por um ex-aluno de 24 anos.

O atirador de São Paulo era um fanático da internet, solitário, perturbado e de alta classe média, o perfil do atirador americano típico.

O atirador do Rio tinha mais semelhanças com os dois estudantes que mataram 12 de seus colegas e um professor no colégio Columbine, de classe média, em 1999, também no Colorado.

O que esses massacres todos têm em comum: aconteceram em lugares onde as pessoas estavam reunidas. Normalmente nos sentimos mais vulneráveis quando estamos sozinhos.

Mas, em lugares como cinemas, estamos mais vulneráveis juntos. É isso o que é tão assustador nesses crimes todos. É por isso que os americanos podem pensar duas vezes na próxima vez em que quiserem assistir, não apenas a um filme de Batman, mas a qualquer filme.

MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 29 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos - crônicas de um gringo brasileiro" (Record)

Tradução de CLARA ALLAIN

 

27082011(006)

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